Pensando no Chuveiro - Theodore Kinni

   
(imagem: aquanotes)

- Por que tenho as melhores ideias no chuveiro?

Com essa pergunta começa Theodore Kinni, colunista do Strategy+Business, um interessante post sobre ideação, caos controlado e inovação.

Segundo ele, depois de ler The Chaos Imperative (CrownBusiness, 2013) de Ori Brafman e Judah Pollack (ainda sem edição em português, Set/13), ficou muito mais claro entender porque tantas de suas melhores ideias nasceram enquanto tomava uma ducha.

Se de um lado hierarquia e estruturas formais são essenciais (ou até recentemente eram...) para coordenação e controle nas médias e grandes organizações, são também limitadores de criatividade, ideação e inovação. Os autores defendem que um certo "caos controlado" é necessário mesmo nas mais organizadas estruturas para que ideias brotem: tempo livre, áreas de "descompressão", reuniões sem pauta, white spaces

É sabido pelos neurologistas que nosso cérebro está sempre trabalhando. Aliás, quando aparentemente não estamos fazendo nada, é que ele está trabalhando mais intensamente, uma vez que pode usar todo seu potencial de conexões. Toda vez que interrompemos nosso cérebro para realizar alguma tarefa, reduzimos essa capacidade de conectar coisas, conceitos, resolver problemas.

Pois bem. Uma vez que aprendemos a tomar banho a ponto virar algo intuitivo, autômato, automático, reflexo, nosso cérebro não precisa se preocupar enquanto realizamos a tarefa, ou seja, sobra mais capacidade de conexão disponível e aí ideias fluem, sobretudo as de trabalho que normalmente nos incomodam dias a fio. O cérebro conecta informações externas recentes, aprendidas, vividas com aquilo que já possui armazenado. E nessa conexão gera ideias que podem ser a solução para os problemas mais complexos. O banho é um perfeito white space para ter ideias.

Se você ainda não passou por essa experiência de sacar uma ideia do chuveiro, ou não está suficientemente desconectado... ou ainda não aprendeu tomar banho sem prestar atenção no passo-a-passo!

Brafman e Pollack contam diversas experiências de white space inclusive com o Exército Americano, uma organização em tese 100% comando e controle, zero white space, mas que renderam frutos positivos.

Se você busca incentivar a inovação ou pelo menos a ideação em sua organização (quem não está!), Brafman e Pollack dão 4 dicas:

1. Use com moderação - antes de fazer um white space, mentalize o objetivo, o problema específico para qual busca solução. Do contrário, o cérebro vai aproveitar o tempo livre para processar qualquer outra prioridade que ele já tinha.

2. Limite - pergunte às pessoas se o tempo é suficiente ou excessivo para o white space.

3. Exercício - uma vez que a movimentação do corpo não requer uso adicional do cérebro, fazer exercício é ideal para duas coisas: manutenção física do corpo e... ter ideias!

4. Micro white spaces - quando perguntar coisas às pessoas, dê-lhes pelo menos 20 segundos para pensar. Esses micro white spaces ajudam o cérebro organizar respostas conectando conceitos relevantes. Também quando houver alguma sessão de brainstorming, convém explicar o motivo da reunião em breves palavras e depois dar um par de minutos em silêncio para as pessoas presentes pensarem sobre o tema. Isso gera um micro white space que serve de incentivo ao storming.

O assunto tem bastante conexão com o tema central do livro Rework de Jason Fried e David Hansson. 

Legal que algumas pessoas (como eu) também tem boas ideias enquanto sonham. Outro white space incrível. Nesse caso bom ter material de anotação na cabeceira da cama. Ao acordar, se a ideia estiver "fresca", bom anotar/desenhar logo. Porque tão logo o cérebro acorda e se ocupa com outras coisas, as ideias, por mais brilhantes que sejam, "evaporam". Primeiro anote/desenhe as ideias como vem a mente, independente da ordem ou se tem nexo ou não. Depois relendo/revendo o cérebro "acha" as conexões de novo. Garanto. Experimente!

Então 'bora pro chuveiro! Cantar um pouco! :)

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