Competência x Possibilidade

   

Essa semana, o prof. Seth Godin, publicou em seu blog um interessante post - Competence vs. Possibility, que traduzimos/adaptamos abaixo.

Conforme ficamos mais experientes, ficamos melhores, mais competentes, mais capacitados a fazer nossas coisas.
Aí fica fácil nos apaixonarmos por nossa Competência, apreciá-la e protegê-la.
A armadilha? Ficamos fechados para a Possibilidade.

Possibilidade, inovação, arte - são empreendimentos que não apenas nos trazem a eventual falha, como nos obrigam fazer algo em que ainda não somos bons. Até porque naquilo que somos tão bons, o resultado é assegurado e aí não existe o senso de Possibilidade.

É comum pararmos de nos surpreender (e ao mercado) não porque deixamos de ser bons, mas exatamente porque o somos. Tão bons que passamos a evitar as oportunidades que trazem a Possibilidade.

Sacou?
Melhor deixar de tentar ser tão competente. É possível?

Confira o post na íntegra (inglês).

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A Arte da Competição: Sun Tzu com Michael Porter

   

Michael Porter e Sun Tzu são autores bem conhecidos no mundo dos negócios.

O professor Porter de Harvard, ficou famoso por suas obras sobre Competitividade e sua Teoria das 5 Forças.
O mestre Sun, enigmático autor de 'A Arte da Guerra', escrito há 2.500 anos, ganhou notoriedade no ocidente nas últimas décadas pelas diversas interpretações e adaptações para a estratégia dos negócios, esportes e negociações.

O objetivo desse texto é tentar fazer um 'mesh', concatenar alguns conceitos desses dois pensadores.

A essência da Teoria das 5 Forças de Porter está em analisar e comparar o nível de competitividade da empresa frente a cinco entidades, cinco forças: concorrentes diretos, clientes, fornecedores, complementares e substitutos (Para mais detalhes, sugiro consultar o post específico). Toda vez que uma empresa ignora seu poder (ou fraqueza) contra essas 5 forças, acaba envolvendo-se em um ambiente de competitividade que vai drenar seus recursos, baixando ou aniquilando sua lucratividade.

Pois bem. O terceiro dos 13 capítulos de 'A Arte da Guerra', chega ao final com a seguinte afirmação: 

"Se conhecemos o inimigo como a nós mesmos, não precisamos temer o resultado de cem batalhas. Se conhecemos apenas nós mesmos mas não ao inimigo, para cada vitória sofreremos uma derrota. Mas se não nos conhecemos nem ao inimigo, sucumbiremos em todas as batalhas."

Suponho que se imaginássemos Porter sentado com Sun para redigir a 4 mãos essa lição, teríamos algo como:

A Empresa que conhece tanto a si mesma quanto as 5 forças de competição, sabe como chegar ao sucesso nesse cenário. A Empresa que apenas conhece a si mesma, mas não o ambiente competitivo, tem tanta chance de sucesso quanto fracasso. A vitória só pode vir pelo acaso. Age no risco. Agora se a Empresa não conhece a si mesma, nem a competitividade no mercado, não tem a mínima chance de sucesso.

Escrito assim é fácil, parece até obvio. No entanto, a tônica é que na prática o que mais as empresas fazem é ignorar o ambiente de competitividade, ou se não ignoram, não acompanham as mudanças nem fazem a análise com a devida frequência. Acabam não percebendo as mudanças no balanço das forças que a levam a perder lucratividade.

Portanto analisar as 5 Forças é um exercício que deve ser repetido com intervalos regulares. Evidentemente que esse intervalo depende de mercado em mercado, setor em setor. Mas não pode ser feito apenas uma vez e pronto. 

Afinal, o 'campo de batalha' sempre se altera.

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Administração: Mirando mais Alto

   
(imagem: CardioTrek)


Em maio de 2008, o prof Gary Hamel reuniu 36 pensadores e empreendedores de renome para pensar "fora da caixa" e delinear quais seriam os 25 "Disparos à Lua" - visões de longo prazo - que a Administração deveria perseguir para os próximos anos. Fundamentos do tipo "ou vai ou racha" que orientarão o caminho da Administração futura. 

Nomes como Tim Brown,  Marissa Mayer, Andrew McAfee, Henry Mintzberg, Vineet Nayar, C.K. Prahalad, Peter Senge, Jeffrey Pfeffer e de instituições como Harvard, Columbia, Insead, Berkeley, MIT, LBS, McKinsey, Whole Foods e HCLT fizeram parte do grupo que redigiu os 25 pontos abaixo, que foram publicados pela Harvard Business Review em fevereiro de 2009.

Segundo eles, A Administração no futuro deve:

1. Servir a propósitos mais elevados - lucro e retorno sobre o investimento devem ser consequência e não propósitos das empresas. Causas sociais mais nobres devem ser o propósito principal das empresas.

2. Imbuir os conceitos de Comunidade e Cidadania - empresas são totalmente interdependentes da Comunidade e Cidadãos. Os sistemas gerenciais não podem negligenciar isso.

3. Humanizar a linguagem e a prática nas empresas - palavras como eficiência, vantagem, valor, superioridade, foco e diferenciação devem dar lugar a valores humanos atemporais como honra, verdade, amor, justiça e beleza.

4. Aumentar a confiança e reduzir o medo - a Administração tradicional prega a confiança, mas atua na base do medo. Esse sentido deve ser invertido.  A desconfiança desmotiva e o medo para lisa qualquer organização.

5. Reinventar o Controle - o excesso de controle poda a criatividade, o empreendedorismo e o engajamento internos. A revisão e supervisão dos Superiores deve ser substituída pela revisão dos Pares.

6. Inspirar a Imaginação - poucas pessoas tem acesso a poder criar nas empresas. O acesso deve ser irrestrito.

7. Expandir e explorar a Diversidade - tal qual na sobrevivências das espécies, nas organizações deve-se valorizar a diversidade, dissenso e divergência ao contrário da uniformidade, consenso e convergência.

8. Capacitar comunidades de Paixão - a paixão é um importante multiplicador do esforço humano e dá sentido à vocação de muitos profissionais.

9. Tirar o trabalho do Trabalho - humanos são mais produtivos quando o trabalho parece diversão. No passado a Administração conseguiu livrar-se da ineficiência, agora é hora de se livrar da mesmice e enfado do trabalho.

10. Compartilhar a definição da Direção - os visionários de ontem dificilmente verão os desafios e soluções para o futuro. A responsabilidade de definir a Direção futura deve ser compartilhada, pois assim gera o compromisso autêntico das equipes.

11. Aproveitar o poder da Evolução - prever é sempre difícil. Os métodos analíticos dão espaço a princípios biológicos: variedade (muitas opções), seleção (testes de baixo custo) e retenção (dobrar o investimento em ideias que tem mais tração).

12. Desestruturar e desagregar - flexibilidade. As empresas precisam aprender a desorganizar-se em unidades menores, mais fluídas, organizadas em projetos.

13. Criar mercados internos de ideias, talentos e recursos - os mercados abertos são mais eficientes em longo prazo para alocar recursos e investimentos que estruturas rígidas. 

14. Despolitizar o processo de Decisão - líderes de alto nível raramente buscam orientação na linha de frente, por arrogância que gera um viés por insuficiência de dados.

15. Flexibilizar a hierarquia - com base na contribuição e não na posição. 

16. Expandir a Autonomia - para que a linha de frente tenha capacidade de tomar decisões corretamente frente a problemas imediatos.

17. Mudar o foco do Líder para Mobilizador e Mentor - líderes agora são arquitetos sociais, empreendedores de significado. Devem criar o ambiente para suas equipes poderem trabalhar, muito mais que estar à frente dando ordens e decidindo tudo.

18. Democratizar a Informação - controlar a informação não será mais sinal de poder. Isso frustra o poder de decisão na ponta. Os sistemas de informação devem ser mais "holográficos".

19. Encorajar os Dissidentes - a inovação não vem dos incumbentes, senão dos dissidentes.

20. Desenvolver Indicadores de Desempenho holísticos - que não apenas focam os resultados trimestrais, mas ambientais e sociais de longo prazo.

21. Superar as opções excludentes - chega de "A ou B". Existem soluções do tipo "A+B".

22. Ampliar os horizontes temporais - remuneração e incentivos de curto prazo fazem o foco sempre ficar no curto prazo. Nenhum CEO quer comprometer seu fluxo de caixa atual para resultados futuros de longo prazo. Mas se a remuneração e os incetivos forem de médio-longo prazos essa abordagem muda com certeza.

23. Fortalecer o lado direito do cérebro - mais artístico, emocional e criativo. A Administração Científica necessitava mentes analíticas e racionais, atributos do lado esquerdo. Hoje os desafios demandam mais atributos do lado direito que aprendemos a ignorar no último século.

24. Reconfigurar-se para um Mundo Aberto - muitos modelos de negócios já contemplam a colaboração externa, muitas vezes até gratuita. A comunidade interna deve ser capacitada e energizada, muito mais que controlada de cima. 

25. Reconstruir seus alicerces Filosóficos - a Administração 2.0 precisa muito mais de profissionais de formação humana. Engenheiros e Contadores conviverão nas empresas com Artistas, Filósofos, Teólogos, Designers, Ecologistas e Antropólogos.

Difícil acreditar que isso venha a se tornar realidade?
Não se esqueça que a cem anos atrás também era difícil acreditar que a produção artesanal não-padronizada pudesse virar a Indústria que é hoje.

Pense nisso.

Para ler o artigo original (em inglês), acesse aqui.

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