A Relutância em Delegar

Delegar tarefas e autoridade. 

Assunto de extrema importância e sensíveis consequências.
Não é de se surpreender que gestores normalmente tenham tanta relutância em delegar.


O professor de Stanford, autor de vários livros e especialista no tema "Poder", Jeffrey Pfeffer certa vez apontou para a Harvard Business Review as maiores tendências e dificuldades em se delegar:


. Delegar é produtivo - já está evidente que quanto mais responsabilidade se concede, mais envolvimento e produtividade se obtém. 

. Delegar mais, controlar menos - dar mais exemplo e menos microgerenciamento. As pessoas aprendem mais observando seus exemplos que temendo seu controle. Dê exemplos de comportamento responsável e responsabilidades que você delegar serão bem assimiladas.

. Não delegar é pior - chega de querer ser a "estrela". 

. Estrutura ajuda a delegar - o modelo estrutural explica à equipe que tipo de comportamento se espera. Estruturas mais planas com menos níveis intermediários deixa claro que delegação é a norma. Facilita às pessoas assimilarem. Mas se a estrutura é muito estratificada, deixa evidente que a burocracia bloqueia a delegação de autoridades para tomada de decisões. Quanto maior a equipe, menos o gerente consegue micro-administrar, mais ele precisa delegar e confiar.

. Líderes-heróis - muitas empresas, ou muitas culturas empresariais endeusam os "Líderes-Heróis" que se sacrificam a todo custo pelo sucesso da empresa. Os chefes workaholics e "carregadores-de-piano" parecem prestar um ótimo serviço às suas organizações, quando na verdade prestam um grande desserviço: o auto-sacrifício traz consigo a centralização e portanto mata a delegação e envolvimento dos demais. Eventualmente, ao final, os heróis "morrem" ou saem da empresa e o legado é uma estrutura incapaz de levar o esforço à frente. O tema tem vínculo com a questão de Estrutura e espaço físico. Estruturas e ambientes mais igualitários, salas sem paredes, dificultam o "cultivo" de candidatos a heróis.

. Seleção difícil - quase impossível detectar em um processo seletivo se determinado profissional sabe delegar ou não. Perguntas diretas não resolvem o caso. Talvez a única forma é pesquisar o passado profissional da pessoa. Casos de delegação eficiente ou autocracia evidentes ajudam, mas nem sempre se pode conseguir esse tipo de histórico com facilidade. 

 Sempre bom lembrar que delegar se refere sempre à Autoridade. Autoridade de fazer, decidir, representar alguém, etc. Mas nem sempre se refere à Responsabilidade. No final das contas, quem delega, delega a tarefa, mas mantém a Responsabilidade final pela tarefa bem (ou mal) cumprida. 

E exatamente ai que está a grande Relutância em Delegar. Inseguros quanto à capacidade do Subordinado em realizar a tarefa com êxito, muitos Gestores optam por não delegar e sobrecarregam-se em demasia. 

A saída é sempre o treinamento, o coaching, o mentoring. Os Gestores precisam aos poucos ensinar seus Subordinados a "arte" de determinadas tarefas, começando sempre das mais simples, mas nunca limitando-se a elas, para prover esse empowerment na Equipe.
Os mais centralizadores entendem isso como ameça à suas próprias posições. Quando na verdade acabam muitas vezes criando empecilhos à sua própria ascensão profissional. Acontece de uma vaga abrir e ele, apesar de capacitado para a vaga ou promoção, não sobe porque não tem substituto, não preparou ninguém de sua Equipe a sucedê-lo.

Portanto, na dúvida, treine seu pessoal, faça coaching com o time, pratique o mentoring, delegue, dê poder a eles gradativamente. Deixe a "fila pronta para andar". Certamente não terá nada a perder. Principalmente oportunidades pessoais. No mínimo ganhará mais colaboração e apreço de sua Equipe, o que por si só já ajuda o seu desempenho. 

Pense nisso antes de não "largar o osso" outra vez...


Veja a entrevista no original da Harvard Business Review (inglês).
Saiba mais no site do professor Pfeffer (inglês).


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Enciclopédia da Nuvem - Luli Radfahrer


Título: Enciclopédia da Nuvem
Autor: Luli Radfahrer
Editora: Elsevier-Campus
Ano: 2012
Páginas: 224
ISBN/EAN: 9-788535-248227
Avaliação < / >. :
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A tal "Cloud Computing" ou Computação em Nuvem anda muito em moda atualmente.


De repente abre-se "um mundo" de opções de uso de recursos de computação hospedados na "nuvem", na internet, ao invés de baseados no próprio hardware, na máquina do usuário.


Luli Radfahrer, professor e estudioso não apenas do assunto em si, mas de Comunicação Digital como um todo, teve a excelente ideia de compilar não apenas o conhecimento e informações sobre o assunto mas, acima de tudo, catalogar e organizar o que já se tem de ferramentas de Computação em Nuvem em um livro para consultas muito bom. 


Enciclopédia da Nuvem - "nem Wikipedia nem Britannica" - como define o próprio autor, ajuda aos mais leigos e principiantes a entender e buscar ferramentas na nuvem. Também para os mais experts, a publicação se presta a organizar a consulta por essas ferramentas. Até onde me consta, a obra é única nesse escopo. Luli explica tratar-se de um livro de Negócios, não um livro Técnico sobre o assunto.


O catálogo está muito bem organizado, dividindo as ferramentas em 10 áreas ou "Situações", conforme diz o autor, em que as ferramentas podem ser utilizadas, multiplicadas por 10 "Soluções" de uso o que resulta em "100 ideias".


As 10 Situações:
Desenvolvimento Pessoal e Profissional - Empreendedorismo, Carreira e Iniciativa - Educação Continuada - Formação de Equipes e Gestão de Projetos - Fluxo de Trabalho e Administração de Tempo - Estratégia e Inteligência Competitiva - Comunicação Empresarial e Proposta de Valor - Criatividade, Inovação e Tendências - Marketing, CRM e Contato com o Consumidor - Branding, Publicidade e Promoção


As 10 Soluções:
Blogs, Curadoria, Expressão e Independência - Micromídia, Twitter e Impulso - Redes Sociais, Grupos e Comunidades - Fóruns, Wikis, Reputação e Empowerment - Mobilidade, Localização e Identificação - Nomadismo e Compartilhamento - Colaboração, Competição e Jogos - Design, Identidade e Acessibilidade - Narrativas Transmídia e Geração de Valor - Privacidade, Sigilo e Subversão


Para cada uma das 100 ideias, o autor apresenta 3 ou 4 ferramentas explicando-as, descrevendo recomendações e cuidados além de citar alguns casos de sucesso de seu uso e sugestões. Além disso, cada ferramenta é classificada quanto a custo (desde gratuito até outros 5 níveis de preço) e facilidade de uso (do "simples" ao "para experts").


Por exemplo, combinando Desenvolvimento Pessoal e Profissional com Mobilidade, Localização e Identificação ele apresenta as ferramentas: Skype, Campfire e GoogleTalk. Fornece algumas recomendações e cuidados, além de citar os casos de sucesso da Rip Curl, Nikon e KLM que usaram essas ferramentas.


Super fácil, rápido e direto.


Enfim. Para quem quer saber QUAIS ferramentas de Computação na Nuvem pode usar, e PARA QUE usá-las, Enciclopédia da Nuvem de Luli Radfahrer é a pedida. Resolve. Altamente recomendado!


Saiba mais no site do Livro e do Autor, ou pelo twitter.


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Rework, Reinvente sua Empresa - agora no Brasil

Título: Reinvente sua Empresa - Mude sua Maneira de Trabalhar
Autor: Jason Fried & David Heinemeier Hansson 
Tradução de: Rework

Editora: Sextante
Ano: 2012
Páginas: 192

ISBN/EAN: 9-788575-427637

Avaliação < / >. :
 
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Finalmente o aclamado "Rework", livro premiado em 2010, chega ao Brasil pela Sextante.
Vale super a pena a leitura! Excelentes sacadas.


Confira a resenha (baseada na versão editada em 2011 em Portugal).


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Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Morta - Alberto Villas

Título: Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Morta
Autor: Alberto Villas
Editora: Globo
Ano: 2012
Páginas: 302
ISBN/EAN: 9-788525-051349
Avaliação < / >. : «««««


Abreugrafia, besuntado, chulear, duca, escambau, furreca, inhaca, kaol, laquê, maricas, neurastênico, ojeriza, patavina, quiprocó, zarolho... palavras que sumiram do mapa.


Quantas palavras entram e saem de moda!


A língua é sem dúvida, o elemento da cultura que mais une um grupo social. E como todo elemento social, é algo vivo. Ou melhor um conjunto de elementos vivos. Uma vida com começo, maturação e as vezes fim. Ao menos com o vocabulário passa isso.


Alberto Villas, famoso por seus livros que nos falam dos "velhos tempos", como "Admirável Mundo Velho!" e "Onde foi parar o nosso Tempo?", agora volta com seu "Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Morta - palavras que sumiram do mapa".


Organizado em ordem alfabética, é uma deliciosa leitura para quem gosta de estudar o nosso idioma, ou passou dos seus 50 anos e quer matar a saudade de coisas que não se ouve mais por ai... sempre com uma curiosa explicação ou causo que ilustra o verbete.

Vale cada página! Supimpa!
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10 Mitos sobre Inovação


Inovação é um assunto sempre em alta, cheio de glamour, aura e hype no mundo corporativo. Exatamente por causa disso, tem também uma grande carga de lendas e mitos infundados.

Em 'O Outro Lado da Inovação', os estudiosos do assunto Vijay Govindarajan e Chris Trimble listam seus '10 Mitos sobre Inovação' que valem a pena conhecermos:

1. Inovação refere-se apenas a Ideias - evidente que sem uma "ideia" central, difícil ter Inovação, mas uma busca frenética por quantidade de ideias não é inovar. Um processo de Execução bem estabelecido sim, pode trazer sucesso à iniciativa de inovação. Porém a Execução é a parte mais negligenciada até por ser muito menos glamourosa. Ninguém fica famoso por um processo ou execução bem feita, já as ideias tem a grande capacidade de promover seus inventores.

2. O Grande Líder nunca falha - é o segundo conceito romântico sobre inovação: uma Ideia, um Herói. Inovadores são inovadores na verdade porque... falham! e muito! Existe muito experimento, tentativa e erro em inovação. Evidentemente que esses erros podem ser minimizados ou repetições de erros podem ser evitados, se o experimento for conduzido de forma disciplinada.
3. Líderes de Inovação eficazes são Subversivos lutando contra o Sistema - outro mito romântico. O inovador rebelde. Inova porque quebra regras, rompe com o status quo, colide de frente. Sim, as regras e práticas podem e precisam ser desafiadas, mas com um Processo e disciplina, não contestar por contestar, deixar apenas que rebeldia seja o motor da inovação. Novamente: experimentação disciplinada é a chave.

4. Todos podem ser Inovadores - motivar toda a estrutura da empresa para que todos se sintam inovadores, os próximos Edison e Jobs, é papo-furado de RH, que ignora uma realidade básica: escassez de recursos. A massa de colaboradores deve continuar no esforço principal da empresa: Desempenho. Apenas um pequeno grupo, corretamente gerenciado, em um experimento disciplinado, deve empreender o esforço de Inovação. Evidentemente que qualquer um que deseje colaborar, sugerir é bem-vindo. Mas... desde que não comprometa o esforço da Máquina de Desempenho e que esteja submetido ao processo disciplinado da Inovação.

5. Inovação acontece organicamente - vem de "baixo para cima" na organização. Um conceito romântico quase Marxista. Ideias sim, acontecem organicamente. Processo inovador, não. Seria muito ingênuo achar que atividades desenvolvidas voluntariamente em horários de almoço, após expediente, pudessem conduzir a inovação de forma consistente. Deve haver um compromisso formal de recursos e suporte para inovação. Ideias sim, podem surgir a qualquer hora, de qualquer estrutura. Mas um processo inovador requer mais que isso.

6. Inovação pode ser embutida em uma Organização estabelecida - muita gente crê na equação: Inovação = ideias + motivação. Na verdade o correto é Inovação = ideias + PROCESSO. Portanto é não motivando equipes inteiras que se obtém inovação. A Máquina de Desempenho é naturalmente hostil à Inovação. Tentar embutir Inovação em TODA a organização é semear caos e desperdiçar tempo e recursos.

7. Catalizar a Inovação exige uma Mudança organizacional no atacado - uma Organização é concebida para o Desempenho, operações em andamento. Reagir de forma exagerada, querendo transformar TODA a empresa ou organização em um time de Inovação é abrir mão dos resultados correntes. Desnecessário.

8. Inovação só pode acontecer em Times com Alta Autonomia - os tais Skunk Works. Um conceito muito hype que inovação é para um time de nerds malvestidos, rebeldes e mal-educados, com autonomia excessiva, quase anárquica. Coisa para filme. O nível de autonomia da Equipe Dedicada de Inovação deve ser consistentemente diferente da Máquina de Desempenho, mas deve ter limites, normas e responsabilização. Não é uma jam-session corporativa.

9. Inovação é um caos Incontrolável - "Não tente administrar iniciativas de Inovação!" Balela. Ideias sim, precisam de certa irreverência para poderem brotar, mas Execução requer Disciplina. Portanto a fase de Ideias deve ser caótico, a Execução não.

10.  Somente empresas Iniciantes conseguem Inovar - não necessariamente. As pequenas e iniciantes tem a vantagem de serem mais flexíveis, para ter ideias e rapidamente implementá-las, mas grandes corporações, por outro lado, apesar da rigidez operacional, se conduzirem a Inovação seguindo um processo próprio tem a vantagem de disporem de mais recursos. Conseguem "pagar" os erros empíricos do experimento.

Conheça mais do livro na resenha aqui.

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